MATEMÁTICA POR TRÁS
DAS NOTÍCIAS
A
matemática está sempre presente no nosso dia a dia. Inclusive em notícias, das
mais diversas notícias que envolvem nosso cotidiano. A que escolhemos introduz
a educação pública no nosso país, a indecisão se a educação piorou ou melhorou.
A caixa preta
da educação: por que não conseguimos saber se o ensino público melhorou — ou
piorou
Notas da Prova
Brasil 2013 mostram que apenas 11% dos alunos brasileiros aprendem o esperado
em matemática, mesmo depois de passar nove anos na escola. Os dados, contudo,
não estão completos e podem esconder um quadro educacional pior que o atual
Em dezembro de 2014, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC), começou a enviar
para as escolas públicas os boletins de desempenho dos estudantes do 5º e do 9º
ano do ensino fundamental em português e matemática na Prova Brasil 2013,
principal avaliação da qualidade do ensino básico do país. O exame é realizado
a cada dois anos, mas os dados só são divulgados no ano seguinte à sua
aplicação. A divulgação da Prova Brasil estava prevista para o início do
segundo semestre do mesmo ano. Até o momento, porém, apenas dados preliminares
foram liberados pelo Inep.
O atraso do Inep em tornar público os dados sobre a qualidade do
ensino no país frustra os especialistas na área. "A Prova Brasil surgiu
como instrumento de política pública para orientar secretarias de educação na
melhoria do ensino. A falta de um cronograma para divulgação dos dados revela,
porém, uma fragilidade institucional grave", diz João Batista Oliveira,
presidente do Instituto Alfa e Beto e articulista de VEJA.com. Somadas aos
dados de reprovação dos alunos, as notas da Prova Brasil definem o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), conceito usado pelos governos para
definir as metas da educação no país. Segundo Oliveira, ao reter os dados, o
Inep está agindo como as "democracias africanas". "Eles estão
silenciando qualquer possibilidade de debate", argumenta.
Não é a primeira vez que o governo federal atrasa a divulgação de dados educacionais. Em
setembro, reportagem do jornal O Globo mostrou que o Planalto estava retendo os números
do Ideb. Os resultados, divulgados um mês antes do primeiro turno das eleições: 21 Estados não atingiram as metas esperadas, revelando
a estagnação do ensino fundamental. "Os dados ficaram retidos na Casa
Civil em pleno ano eleitoral. Ao proceder dessa forma, o Inep fragiliza uma das
poucas instituições respeitadas na educação brasileira, que é o sistema de
avaliação", diz Oliveira.
Para a consultora em educação Ilona Becskeházy, ao reter os
dados o órgão federal demonstra falta de transparência. "O Inep não pode
ter suas atividades pautadas pela agenda eleitoral. Ao contrário dos indicadores
econômicos, que podem ser avaliados por órgãos externos ao governo, os dados
das escolas públicas ficam restritos às avaliações do governo federal. Com toda
a tecnologia disponível, não dá para entender por que os dados completos não
estão divulgados na internet", argumenta.
Além do descumprimento do cronograma, os especialistas apontam
outra falha na divulgação das informações: alterações nas bases de dados, como
o tamanho da amostragem, que dificultam a análise histórica de uma rede de
ensino. No primeiro ano da avaliação, em 2005, a nota dos Estados levava em
conta o resultado de todas as escolas que participavam da prova. A partir de
2007, os dados passaram a incluir apenas escolas com mais de vinte alunos
matriculados no 5º e no 9º anos. Entretanto, como as escolas com menos alunos
podem pleitear participação na avaliação, o tamanho da amostra pode variar de
um ano para o outro. "Como podemos confiar nos dados se não existe um
cronograma e se as bases de dados mudam constantemente?".
De acordo com os resultados da Prova Brasil de 2013 obtidos pelo
site de VEJA com o Instituto Ayrton Senna, a situação nas escolas públicas
continua tão calamitosa quanto nos anos anteriores. Por exemplo: em Minas
Gerais, o Estado que obteve a melhor avaliação na Prova Brasil, nada menos do
que 66,20% dos alunos do 9º ano teve desempenho inadequado em matemática. Isso
significa que a maior parte deles não consegue entender a noção de porcentagem
em um problema matemático.
O nível de desempenho de um Estado é calculado de acordo com a
pontuação obtida pelos alunos na prova e classificado em 9 níveis. O primeiro
nível, considerado o pior de todos, agrupa alunos que marcaram entre 0 e 125
pontos em uma escala que vai até 350 pontos em português. Para a ONG Todos Pela
Educação, instituição que utiliza os dados para traçar metas para o setor, o
ideal é que a pontuação dos alunos seja melhor que 175 nessa disciplina. Todas
as notas abaixo disso são consideradas inadequadas.
Em matemática, a régua é um pouco maior: a nota máxima é 425 e
são consideradas inadequadas pontuações menores que 200. No Brasil, 76,41% das
escolas tiveram baixo desempenho em português e 88,78% em matemática. Ou seja,
menos de 30% dos alunos saem do ensino básico sabendo o que é esperado para
essa etapa da educação.
ANALISE CRITICA
A
população em geral tem informação fragmentada e pontual sobre educação. Essa
união dá um recado para todos: cada um de nós, pessoa física ou jurídica,
deveria deixar seus interesses particulares de lado e tomar a iniciativa,
dentro de sua área de atuação, de discutir a educação no Brasil.
A
sociedade, por sua vez, em grande parte por causa do aligeiramento com que a
mídia trata a questão, é mal informada e tende a confundir aparência com
essência. Temos ainda os interesses corporativistas, a estrutura precária de
formação do educador, o mito das "causas nobres" como o Ensino
Fundamental de nove anos e a educação em tempo integral que às vezes aparecem
como possíveis soluções. A qualidade ainda é confundida com um ensino de elite,
o que só colabora para a nossa educação ficar fora de sintonia com o século 21.
Teria
de ser uma formação que preparasse o professor para dar respostas diferentes,
dependendo da realidade da criança e de suas necessidades. Ele precisa saber
fazer a transposição didática dos conhecimentos universais que serão ensinados
em sala de aula, transformando-os em conhecimentos significativos para os
alunos, quaisquer que sejam suas origens e condições socioeconômicas. Ninguém
ensina o que não aprendeu. Por isso o curso de formação precisa dar peso grande
ao conteúdo que vai ser ensinado.
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